segunda-feira, 2 de março de 2009

Ministro Paulo Vannuchiquer megaoperação de busca de ossadas



Vannuchi diz que tem
insistido para que Lula
peça, em nome das
Forças Armadas, desculpas pelos
anos de chumbo

GENEBRA - O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, quer organizar em 2009 a maior missão já realizada pelo governo à região do Araguaia. O objetivo é, mais uma vez, tentar encontrar ossadas de vítimas da ditadura militar. Mas, desta vez, Vannuchi quer "dezenas de pessoas" e que o governo "gaste o quanto for necessário". Vannuchi conta que ainda pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, como comandante supremo das Forças Armadas, faça uma declaração pedindo "desculpas" pelos crimes dos militares.

"O governo precisa dar uma demonstração nítida de empenho em dar uma solução a esse tema", disse.. Hoje, ele aponta que a questão da busca pela verdade sobre o que ocorreu durante o regime militar corresponde a apenas 5% do orçamento de sua secretaria.

Vannuchi, que está em Genebra para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, tenta convencer o governo de que a missão precisa ocorrer ainda em 2009, fora de ano eleitoral. O tema já está sendo tratado com o presidente Lula. Além disso, teria de ocorrer antes de setembro, quando começa o mês de chuvas. "Precisaremos de algumas dezenas de pessoas, inclusive do Ministério da Defesa, da Justiça, familiares e militares. O exército e a Aeronáutica serão fundamentais", afirmou. "O governo precisar gastar o que preciso para isso. Não sei se vamos localizar alguma coisa. Mas precisa ser feito", disse.

A ideia é de que a missão seja composta por principalmente por técnicos, incluindo legistas, geólogos e outros especialistas. Há três meses, Vannuchi esteve em Madri para conhecer as tecnologias usadas pelos espanhóis na busca de corpos da Guerra Civil nos anos 30.

Antes da partida da missão, a ideia do ministro é de organizar todas as informações já coletadas sobre o assunto e todos os resultados das últimas missões. Em dezembro de 2006, em pleno mês de chuvas, o governo organizou uma viagem até o Araguaia. Voltou de mãos vazias.

"Não se pode ficar um ou dois dias. A questão é de semanas. As dificuldades serão enormes", disse. "Mas se acharmos um fêmur que seja, já teremos feito o que nos cabe como governo. Sei que se trata de uma busca de agulha no palheiro mas precisa ser feito", disse.

Segundo ele, o governo prepara uma série de medidas no que se refere ao direito à memória e que serão divulgados no dia 12 de março. Uma delas será a publicação de um edital que dará seis meses para que qualquer pessoa entregue ao arquivo nacional documentos relacionados à ditadura. A entrega poderá ser feita de forma anônima.

Vannuchi ainda revela que Franklin Martins, ministro de Comunicação Social, está empenhado em lançar uma campanha publicitária sobre a questão dos desaparecidos. A ideia é de que, em horário nobre, parentes de pessoas desaparecidas deem declarações apelando por informações sobre as vítimas. "Isso pode desencadear novidades", disse.
Militares

Vannuchi garante que tem tido conversas "civilizadas" com representantes das Forças Armadas sobre o assunto. Mas insiste que quer ver uma maior presença de aulas sobre direitos humanos nas academias militares. "Acredito que, se houvesse algum dia um mandado de busca de arquivos em quartéis generais do Brasil, teria gente que se oporia a isso", afirmou. "O Exército dos Estados Unidos joga bomba no Vietnã e tortura no Iraque. Mas jamais pensa em derrubar o presidente do país", disse.

O ministro contou que está tentando convencer o presidente Lula a dar uma declaração pedindo "formalmente e oficialmente" desculpas pelos crimes das Forças Armadas durante a ditadura. "O presidente faria isso na condição de comandante chefe das Forças Armadas. Isso seria fundamental", disse. Lula, que recebeu a sugestão na semana passada, ainda não deu uma resposta sobre isso.

O ministro rejeita a ideia de que ele esteja procurando penas aos militares que tenham cometido crimes. "O que menos importa agora é se põe ou não alguém na cadeia. A discussão é se vamos deixar esse tema fechado ou se devemos seguir o caminho da verdade e memória", disse.

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