domingo, 20 de setembro de 2009

Manchetes dos principais jornais e revistas neste domingo

da Folha Online

*

Jornais nacionais

Folha de S.Paulo
Ideia do Estado mínimo é 'tese falida', diz Dilma

Agora S.Paulo
Veja como obter o maior valor de sua aposentadoria por idade

O Estado de S.Paulo
Diante do pré-sal, produtores de etanol cobram proteção

Jornal do Brasil
Indústria pede ajuda contra nova invasão

O Globo
Alumínio consome 5,5% da energia

Correio Braziliense
Trem da alegria no banco dos réus

Estado de Minas
Brasil vira terra de gigantes

Diário do Nordeste
Pré-sal deve revolucionar economia do CE

A Tarde
Deputados baianos têm R$ 24 milhões de gastos sob suspeita

Extra
IPVA ficará até 13% mais barato

Correio do Povo
Tradição nas avenidas

Zero Hora
Os herdeiros das batalhas gaúchas

*

Revistas

Veja
O guia do Enem

Época
O oitavo de Lula no STF

IstoÉ
Censura

IstoÉ Dinheiro
O incrível senhor das carnes

Carta Capital
Energia

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Jornais internacionais

The Washington Post (EUA)
Obama descobre que sua popularidade no mundo tem limites

The Sunday Times (Reino Unido)
Trabalhistas planejam secretamente um aumento de 15 milhões de libras em impostos

Le Guardian (Reino Unido)
Britânicos precisam de cortes "brutais", diz líder dos liberais-democratas, Nick Clegg

Le Monde (França)
As crianças de Chernobyl mostrarão sua condição cardiovascular

China Daily (China)
Partido comunista chinês pede sugestões para edificação do partido

El País (Espanha)
Zapatero radicaliza o discurso em defensa de seu gerenciamento da crise

Clarín (Argentina)
Lei da Mídia: duras acusações de Reutemann a Binner e aos socialistas

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Comissão julga amanhã 14 processos de anistia política em SP

Folha Online

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça vai julgar nesta sexta-feira em São Paulo 14 processos de perseguidos políticos.

O julgamento ocorrerá durante a 27ª edição da Caravana da Anistia ----que faz parte do projeto "Anistia Política: Educação para a Cidadania, Democracia e os Direitos Humanos", do Ministério da Justiça-- a partir das 14 horas, no Memorial da Resistência (região central).

Cesare Battisti propõe lei de anistia política à Itália
Presidente da Comissão de Anistia defende ajustes na política de indenização

Desde 2001, a Comissão de Anistia recebeu mais de 64 mil pedidos de anistia política. Desde o ano passado esses pedidos são julgados nos locais onde os direitos foram feridos através da Caravana da Anistia --antes eram todos julgados em Brasília.

Até junho deste ano, 45.570 processos foram julgados, sendo que 30.967 foram deferidos --sendo que em 10.878 casos foram concedidas indenizações--, 16.603 foram indeferidos e 192 foram arquivados. Mais de 16 mil, por sua vez, aguardam julgamento.

A Caravana já percorreu 15 Estados das cinco regiões do país, e julgou cerca de 500 processos. Durante os eventos também foram realizadas sessões de homenagem a brasileiros que destacaram na luta contra a ditadura militar, como o ex-presidente João Goulart e os ex-governadores Leonel Brizola e Miguel Arraes.


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Especial

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O dia em que Jango prendeu o cabo Anselmo



CARTA MAIOR

Em março de 1964, Anselmo foi preso quando tentava penetrar - e falar - na reunião do Automóvel Clube. Esse episódio tem sido ignorado até hoje, pois nunca interessou à mídia, cúmplice do processo golpista desde o início. Quem me reviveu o episódio agora, com detalhes preciosos que expõem o repúdio de Jango à indisiciplina que enfraquecia o governo na área militar e encantava os golpistas e a mídia, foi o coronel Juarez Mota - à época capitão e ajudante de ordens do presidente, hoje aposentado, 75 anos de idade, e vivendo em Porto Alegre. O artigo é de Argemiro Ferreira.

Argemiro Ferreira

A veemência com que, na entrevista ao Canal Livre da Rede Bandeirantes, o notório cabo Anselmo (José Anselmo dos Santos), de olho numa indenização como "perseguido político", tentou negar que já era agente infiltrado (e provocador) da direita ANTES do golpe de 1964, não consegue contestar o depoimento enfático do delegado Cecil Borer em 2001 - conforme o excelente texto (talvez definitivo) assinado por Mário Magalhães na “Folha de S.Paulo”, a 31 de agosto de 2009.

Estou me metendo nessa discussão por ser assunto que me apaixona desde que participei, há pouco mais de três décadas, de uma reportagem de investigação da revista “Playboy”, conduzida pelo jornalista Marco Aurélio Borba, meu amigo (e editor nacional de “Opinião” no período em que dirigi a redação), que morreria poucos anos depois, num acidente em Brasília. Ouvi depoimentos para a revista no Rio, enquanto mais jornalistas faziam o mesmo em outros estados (não tenho aquele número da revista, mas seria bom se alguém pudesse informar ao menos o mês e o ano, entre 1977 e 1979, pois ainda acho que existem ali dados relevantes).

Na época, entrevistei vários militantes de partidos clandestinos e ex-presos políticos que tiveram contato com Anselmo (alguns insistem ainda hoje no detalhe de que seria marinheiro de 1ª classe e não cabo). Eles relataram fatos e dúvidas. Ouvi ainda pessoas que tinham servido na intimidade do governo João Goulart. A começar por meu amigo pessoal Raul Ryff, ex-colega de trabalho na redação do “Jornal do Brasil”, que tinha sido secretário de imprensa de Jango.

Com a ajuda de Ryff, cheguei a outros nomes de pessoas que tinham servido no Palácio durante o governo Jango. Eduardo Chuahy, amigo dele, capitão do Exército até ser cassado em 1964, servira como ajudante de ordens no gabinete militar da presidência, então chefiado pelo general Argemiro de Assis Brasil. Reconstituiu com riqueza de detalhes o clima existente no setor militar do Palácio e as muitas trapalhadas de Assis Brasil, que garantia existir o célebre - e ilusório - “dispositivo militar” capaz de impedir um golpe.

O aviso de Corseuil: "ele é espião"
Eu estava particularmente interessado em falar com o comandante Ivo Acioly Corseuil, o que foi possível na época graças ao aval de Ryff e Chuahy, que o conheciam bem. De fato, Corseuil contou muita coisa, aprofundando relatos já conhecidos. Mas o núcleo central do depoimento dele a mim foi a ratificação do que já dissera a Moniz Bandeira e estava no livro (publicado em 1977) “O Governo João Goulart - as lutas sociais no Brasil, 1961-1964”, sobre o qual escrevi minuciosa resenha para “IstoÉ”, infelizmente publicada na época com alguns cortes.

Ele explicou que no governo de Jango o chefe da Casa Militar (Assis Brasil) era também o secretário do Conselho de Segurança Nacional. Segundo a entrevista que Corseuil me deu, em 1962 ele era chefe de gabinete do CSN e em 1963 passou a sub-chefe da Casa Militar. Foi quando fez o informe (ele não lembrava a data precisa) avisando que Anselmo era agente infiltrado, provocador e trabalhava para a CIA.

Corseuil me disse que tinha informações de várias fontes, segundo as quais havia gente infiltrada entre os marinheiros. Até pessoas vestidas de marinheiros que, na verdade, não eram marinheiros. Uma das fontes que lhe passaram tais informações era “um rapaz da turma de Carlos Lacerda”, então governador da Guanabara. Julgou confiável o dado porque o rapaz, que conhecia há algum tempo, ex-funcionário do ministério da Marinha, trabalhava para Lacerda junto aos marinheiros (lacerdista, tinha saído do emprego para trabalhar no Palácio Guanabara).

Mas a informação de que Anselmo era agente da CIA não viera desse agente (identificado apenas como “Tanahy”) e sim por um correspondente de jornal norte-americano - “pessoa com muitos contatos, que falava com muita gente”. Ele sempre telefonava para dar informações. Por exemplo, tinha passado imediatamente a informação sobre uma reunião de Lacerda com correspondentes norte-americanos para conclamar os EUA a derrubar Jango.

Para a CIA, "útil por liderar"
Para Corseuil, Anselmo não era o único agente infiltrado, mas pode ter sido escolhido pela CIA onde era visto como capaz de liderar. Perguntado por que nada foi feito pelo governo de Jango, apesar das muitas informações e avisos feitos, respondeu que as providências não cabiam ao CSN. A Marinha é que teria de se aprofundar no caso, por estar na sua área. A tarefa teria de ser especificamente do Cenimar, que era sempre avisado. Corseuil enfatizou que também tomara a iniciativa de avisar pessoalmente o Cenimar. “Aquela gente do Cenimar era toda do Lacerda. E o Lacerda fomentava a rebelião”, disse-me ele.

Corseuil também explicou que nenhuma providência foi tomada desde 1962, apesar de tantos avisos e informes, em parte por causa do próprio temperamento de Jango, que “tinha um coração grande demais”. Lembrou o episódio da revolta dos marinheiros, no Sindicato dos Metalúrgicos, quando o presidente foi especificamente alertado para o papel de Anselmo e nada fez - embora outras pessoas do governo também tenham alertado na época para a necessidade de ação vigorosa para deter a conspiração.

Mas pelo menos dois oficiais que serviam no Palácio recordam ainda hoje um episódio no qual Jango, pessoalmente, agiu com firmeza, mostrando estar consciente do papel de Anselmo como provocador e agente infiltrado. Chuahy, então capitão, pediu que Ryff alertasse Jango e mostrasse ao presidente como a mídia, desde que começara o problema dos sargentos, superdimensionava a questão e apostava deliberadamente na ação potencial de Anselmo para subverter a disciplina, empurrando até moderados das Forças Armadas para o lado do complô golpista em marcha.

O episódio citado foi o da prisão de Anselmo em março de 1964, quando tentava penetrar - e falar - na reunião do Automóvel Clube. Tem sido praticamente ignorado até hoje, pois nunca interessou à mídia, cúmplice do processo golpista desde o início. Quem me reviveu o episódio agora, com detalhes preciosos que expõem o repúdio de Jango à indisiciplina que enfraquecia o governo na área militar e encantava os golpistas e a mídia, foi o coronel Juarez Mota - à época capitão e ajudante de ordens do presidente (além de amigo), hoje aposentado, 75 anos de idade, e vivendo em Porto Alegre.

"Preso por ordem do presidente"
Estava em marcha, claro, a operação destinada a desestabilizar o governo, como parte do esforço para superdimensionar os movimentos dos sargentos e dos marinheiros (ainda que muitos, obviamente, tenham deles participado por desinformação ou ingenuidade). Conforme o relato do coronel Juarez, o presidente não sabia que Anselmo planejava falar no Automóvel Clube, mas tinha consciência de que ele era agente infiltrado na esquerda.

“Quem o viu chegar foi o coronel Carlos Vilela, da Casa Militar”, conta o militar aposentado. “Como eu estava mais à frente, acompanhando o presidente, ele me chamou: ‘Está chegando o cabo Anselmo, o que faço?’ O próprio Jango antecipou-se e deu a ordem: ‘Prende!’ Quando Anselmo começava a entrar, voltei com Vilela, que o segurou pelo ombro, enquanto eu punha a mão no pescoço. Os dois desviamos o cabo à força para outra sala, onde havia um sofá de dois lugares. Vilela mandou que ele sentasse e comunicou: ‘Por ordem do presidente, o senhor está preso’. Em seguida Vilela foi chamar o coronel (Domingos) Ventura, comandante da Polícia do Exército. Ventura veio com a escolta e levou Anselmo preso para o quartel da PE.”

Para Juarez, aquela ordem firme de Jango deixou claro que não tinha dúvida sobre quem era Anselmo. Podemos concluir que a avaliação coincidia com a descrição de Cecil Borer, delegado e torturador que o usava no DOPS como informante (conforme contou à “Folha” em 2001) juntamente com “a Marinha e os americanos”. O relato de Juarez é reforçado por Chuahy, que à época já era veemente também na crítica aos movimentos de sargentos e marinheiros, devido á manipulação oculta da oposição direitista com apoio da mídia. Vilela morreu no ano passado (2008). Tinha sido ajudante de ordens do general Zenóbio da Costa na II Guerra Mundial.

Juarez Mota continuou no Exército (aposentou-se como tenente-coronel) e nunca deixou de ser amigo de Jango, que conhecia praticamente desde criança. Natural de São Borja, também era parente do presidente Getúlio Vargas: seu avô era primo-irmão de Getúlio e a bisavó Zulmira Dorneles Mota era irmã de dona Cândida Dorneles Mota, mãe do presidente que se matou em 1954.

Blog de Argemiro Ferreira